Quero-te

Onde?

Onde estás?

Acordo e mais uma vez não estás ao meu lado, não tenho os teus beijos para me distrair da realidade. 


como uma tortura que todos os acordares me reservam, um pequeno castigo por tudo o que ainda não sou, por ter quebrado e dobrado os ciclos do tempo à minha vontade quando ainda era cedo demais.

Fecho os olhos e num murmúrio invoco o teu nome como se por magia te pudesse fazer aparecer ao meu lado e deixar o calor do teu corpo pousar sobre o meu. Invoco o teu nome e espero que apareças. Mas nunca vens. Nunca te tenho comigo no plano físico ao amanhecer. Mea Culpa. Eu também nunca vou até ti a cada suspiro…

Mas vou, em cada suspiro meu sinto outros teus e vou até ti.

Vou tão depressa quanto os sonhos permitem e ainda assim os sonhos não possuem uma velocidade capaz de satisfazer esta vontade imensa de te ter de novo, de te sentir. Os sonhos não conseguem reescrever a memória e apenas podem tornar mais nítidas as imagens, os cheiros, os sabores…

Lembro-me tão bem do sabor dos teus lábios que na memória onde constantemente nos revejo já sei tão bem o seu gosto que a cada passo que dou a saudade que tenho deles aperta mais e de forma indefinida puxa-me novamente para a memória de onde nunca sais e o toque dos teus lábios, da tua pele, dos teus cabelos, aparece sob a forma da insanidade, de sentimentos que sei correrem tão fundo em mim que não posso fazer mais que partir numa busca desenfreada do teu ser, acabo por desfraldar as velas da alma e partir na tua direcção para nunca mais voltar a ser nem existir sem ti

Deixa que eu vá para os teus sonhos e te embale o doce dormir por hoje. Dorme pois cada dia estou mais perto de ti e cada vez estou mais contigo, em cada sonho e em cada passo, em cada suspiro que o frio de inverno torna visível, estou a caminho...