Sonhar (Parte IV)

Os instintos de caça. Sem uma palavra, senta-se e olha para mim com uma expressão de predadora. Nem um beijo, abraço, um suave roçar de pele, nada que revele o que somos longe dos olhares, nada excepto as marcas de garras tornadas invisiveis pela tinta da tatuagem. Sem pedir bebe do meu copo e como sempre arrepende-se. Sorrio. “Fraquinha” - sussurro-lhe ao ouvido enquanto lhe absorvo o doce aroma a noites interminaveis. Os olhos dela mudam. Lentamente encosto-me e vejo as chamas frias a subirem por detrás do verde esmeralda dos olhos. É isso, ferve, queima, arde, acorda de vez miuda. Miuda. Em pensamento dou-lhe o epiteto que até hoje não tinha merecido, mas não lho digo. “O que é que se passa? Não tiraste a noite para me irritar pois não?” Os meus olhos não mudam mas o monstro dentro de mim vai dormir. Decido que já estou farto de jogos. “Tens alguma coisa combinada com o grupo” - pergunto ainda que não me interresse - “Se eu não soubesse dizia que estás a afastar-te de tudo” - sempre soubeste tudo - “Não me provoques e não mudes de assunto. Tu é que entras-te e não disses-te nada a ninguém!” - Exacto! - “Não estou com paciência para aturar discussões vazias; acordei bem disposto sabes? Então onde é que queres chegar? Quero chegar à praia, vens? Não sei, trouxes-te a manta? Deixa-te de ideias e anda. E o resto do pessoal?” A mente dela funciona nos limites da perfeição. Observo a lenta e violenta batalha dos insdtintos com a razão enquanto me levanto e caminho para a a porta. Ela sabe, penso para mim. Ela sabe e no entanto vem atrás de mim sem dizer uma palavra.
Estou em pulgas, pareço...(Continua)

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